A desnutrição e as doenças infecciosas representam um desafio nos países subdesenvolvidos, mas à medida em que o crescimento avança, aumentam as doenças crônicas não – transmissíveis (diabetes, obesidade e hipertensão, principalmente), cujo tratamento e controle custam muito para os governos. Essa transição epidemiológica já é realidade em El Salvador, o menor país da América Central e o mais densamente povoado, – possui 6,4 milhões de habitantes, dos quais 1,3 milhão na capital San Salvador .
Ao fazer essa análise, a coordenadora da Unidade de Promoção, Prevenção e Vigilância das Doenças Não – Transmissíveis do Ministério da Saúde de El Salvador (MINSA), a pedagoga Estela Alvarenga Alas, coordenadora do grupo de médicos que, durante quatro dias conheceu a experiência do Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia (Cedeba), destacou a importância da educação para a prevenção das doenças crônicas.
Como a obesidade é fator de risco para diabetes tipo 2 e hipertensão, Estela Alvarenga disse que “estamos trabalhando muito na prevenção, a partir das escolas porque os dados são assustadores. Estudo realizado em El Salvador com estudantes na faixa etária entre sete e nove anos apontou um percentual de obesidade e sobrepeso da ordem de 3 1%.
E, na tentativa de reverter essa tendência, os Ministérios da Saúde e da Educação se uniram para regular as cantinas escolares, onde só podem ser comercializados lanches saudáveis. Refrigerantes e alimentos industrializados (os salgadinhos) estão proibidos. A proibição também se estende às unidades de saúde. “Como um estabelecimento que cuida da saúde pode dar o mau exemplo, permitindo que as pessoas consumam alimentos não-saudáveis?” perguntou.
Também há uma integração forte, por meio de convênio entre o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional dos Esportes na capacitação e formação de profissionais para ampliar a oferta de programas de atividade física, principalmente para os pacientes com diabetes, que precisam de apoio e orientação.
Mas “estamos longe de alcançar a excelência do Cedeba”. Contudo – analisou – “ficamos felizes em constatar algumas coincidências, como a questão do foco no autocuidado, no uso de materiais educativos. Estamos levando um kit com o material utilizado com os diabéticos e vamos adaptar para a nossa realidade. A experiência do Programa Doce Conviver é fantástica”.
Segundo a coordenadora da delegação de El Salvador a visita ao Cedeba foi altamente produtiva, tendo destacado o encontro com o secretário da Saúde, Fabio Vila – Boas que “nos passou uma visão de conjunto da saúde na Bahia”.
O trabalho da equipe multidisciplinar do Cedeba causou excelente impressão à pedagoga, bem como aos demais integrantes da delegação, por permitir que o paciente com diabetes e obesidade conte com vários olhares, mas a equipe discutindo conjuntamente a situação de cada paciente, os resultados são mais efetivos.
Um grande avanço no Brasil, na análise de Estela Alvarenga Alas é a legislação que garante os direitos dos diabéticos. “Nós, em El Salvador não temos essa legislação. Assim, conquistas de um governo para os diabéticos podem não ser mantidas no governo seguinte.
A visita da delegação ao Cedeba, referência na assistência a diabetes, obesidade e endocrinopatias, um dos centros de excelência no Brasil, credenciado pela World Diabetes Foundation (WDF), e que teve o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) terminou ontem à tarde. Hoje o grupo está conhecendo a experiência do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hospital das Clínicas)
A vinda da delegação faz parte da Cooperação Brasil – El Salvador. Projeto “Fortalecimento das Capacidades de Equipe Multidisciplinar de Saúde para Abordagem Integral de Doenças Não – Transmissíveis Priorizadas.
Ascom Cedeba
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