Pessoas que evitam medicamentos alopáticos temendo prejuízos ao fígado, mas usam chás e suplementos alimentares sem parcimônia, precisam rever seus conceitos. Os hepatologistas Vinícius Nunes e Genaro Santos, do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, mostraram hoje durante aula no Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), para a equipe multidisciplinar de Saúde, os riscos do uso de ervas e suplementos.
A aula, que teve como tema Hepatotoxicidade dos Chás e Suplementos Alimentares – é uma sessão mensal, realizada pela Coordenação de Ensino e Pesquisa do Cedeba. O médico Vinícius Nunes mostrou números de um estudo com 900 casos de DILI (lesão hepática induzida por drogas), onde 16% foram causados pelo uso de ervas e suplementos dietéticos.
Os números mostram o crescimento do mercado de ervas e suplementos, que em 2017, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, movimentou 100 bilhões de dólares. Nos Estados Unidos esse mercado cresceu 1000% entre 1993 e 2012. Esse crescimento deve-se ao fato de estar associado à ideia de bem-estar, segundo analisou o hepatologista. Daí, o uso de suplementos atingir 94% dos frequentadores de academia, na expectativa do ganho de massa muscular.
O grande problema das ervas e suplementos, segundo analisou Vinícius Nunes, é que não necessitam de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (em relação à segurança e eficácia). Não há garantia de qualidade e o consumidor pode comprar gato por lebre. Um estudo feito com 111 suplementos evidenciou que 25% continham anabolizantes.
Entre as ervas, é preciso muito cuidado com aquelas que prometem milagres. O risco é maior quando há combinação de vários elementos como os chás de Seca Barriga, trinta ervas. E o cuidado deve ser redobrado com as pessoas idosas.
As ervas para chás são usadas há mais de cinco mil anos. No século XIX surgiram os medicamentos à base de ervas e somente no século XX, as drogas sintéticas. Com o uso indiscriminado de ervas industrializadas, cresceu a produção, gerando problemas sérios de armazenamento e distribuição, situação que aumenta o risco de contaminação por fungos, segundo explicou o hetapologista.
Fonte: Ascom Cedeba