“Do sonho por um novo modelo de assistência ao reconhecimento internacional” é o tema da palestra da fundadora e diretora do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), a endocrinologista Reine Chaves Fonseca, na celebração dos 21 aos de fundação da unidade, referência em diabetes, obesidade e endocrinopatias, e um dos centros de referência do Brasil credenciado pela World Diabetes Foundation”, que teve o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS)”. A palestra, na próxima terça-feira (24), às 11 horas, no auditório do Centro de Atenção à Saúde (CAS) Professor José Maria de Magalhães Netto, será antecedida pela apresentação do vídeo “Cedeba: Vinte e um anos em 21 minutos”
Foi do sonho de um grupo de profissionais, do ambulatório de Endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), na busca de um novo modelo de assistência ao diabético, que nasceu o Cedeba, numa pequena área de 200 metros quadrados no HGRS. O sonho do grupo casou-se com a experiência da diretora Reine Chaves. Ao chegar dos Estados Unidos, onde fez “Fellow”, ela “trouxe a possibilidade de mudarmos o modelo de assistência”, como destaca a coordenadora de Planejamento do Cedeba, Odelisa Matos, que integrou o grupo do sonho.
Centro de Referência
Logo o espaço do Roberto Santos ficou pequeno e o Cedeba, em 1997, teve sua primeira sede, no Rio Vermelho (o Cedebinha). Desde 2002, o Cedeba funciona no Centro de Atenção à Saúde, numa área de 2,5 mil m2. Mas o espaço já está pequeno, porque a unidade vem ampliando e aprimorando os serviços, focando na assistência, disseminação do conhecimento e capacitação de profissionais da atenção básica da capital e do interior.
Mesmo sendo um Centro de Referência, com foco nos pacientes com complicações do diabetes, obesidade associada a distúrbios endócrinos e endocrinopatias, a demanda espontânea é ainda uma realidade. Para fazer o atendimento, o Cedeba criou em 2007 o Programa de Acolhimento ao Cidadão( PAC).
O PAC oferece atendimento àqueles referenciados ou não, que são atendidos pelo Serviço Social e avaliados quanto ao risco de sua patologia e permanência da matrícula e assistência no Cedeba. Buscam o PAC pacientes de Salvador e de todo o interior do Estado. Eles já chegam acreditando na qualidade do atendimento. Maria do Carmo de Jesus, 61 anos, diabética desde 26 anos, foi atendida hoje no PAC. Veio referenciada, do município de Mutuípe, porque os medicamentos orais já não conseguem manter o diabetes sob controle e por isso, apresenta quadros de hiperglicemia e hipoglicemia com frequência. Já Valdice Campos, 67 anos, veio de Irecê, com muita esperança no tratamento de um nódulo na tireóide, porque os médicos dizem que “aqui o atendimento é muito bom”.
Educação
Desde sua fundação, o Cedeba fomentou a cultura da educação em saúde, com o treinamento para profissionais e educação dos pacientes. A repercussão do novo modelo de assistência ganhou espaço. Antes da mudança para a sede do Rio Vermelho, Reine Chaves foi a São Paulo participar, como ouvinte, do encontro do Institute Diabetes Center (IDC), que estava buscando parcerias no Brasil para trabalhos com atenção programada em diabetes. Além da Bahia, o representante do Ceará também participou na condição de ouvinte.
O trabalho da Bahia despertou grande interesse, foi selecionado, culminado com o convênio de cooperação técnica entre o Governo da Bahia e o IDC, dando grande visibilidade ao trabalho do Cedeba. O Prodiba foi o primeiro grande projeto que permitiu o início ao processo de solidificação do Cedeba como centro de pesquisa e unidade de tratamento de diabetes.
As conquistas continuaram. O reconhecimento pela OMS como centro de referência, com base na indicação do IDC foi muito importante. A partir daí, houve o inicio do Programa de Capacitação e Educação em Diabetes, como parte de um processo para ser centro colaborador da OMS com o apoio da World Diabetes Fundation.
O trabalho do Cedeba se destacou pelo novo modelo de atenção, com nova forma de assistência, com a participação da equipe multidisciplinar, possibilitando ao paciente participar do tratamento, sendo respeitado nas suas crenças, conhecimento e cultura.
O compromisso dos profissionais do Cedeba na busca do aprimoramento da assistência vem rendendo bons frutos, destaca a diretora. Duas experiências do Núcleo de Obesidade: “O Grupo de Apoio Terapêutico ao Tratamento da Obesidade – GATTO”, e “Fluxograma de atendimento multidisciplinar para pacientes com obesidade em uma instituição pública de referência no estado da Bahia” foram selecionados pelo MS e integram a publicação “Experiências Inovadoras em Manejo da Obesidade nas Redes de Atenção do SUS”.
São muitos os avanços na caminhada do Cedeba, como destaca a diretora Reine Chave. O Laboratório de Análises, que também começou de forma tímida ainda no Roberto Santos, hoje realiza 9 mil exames/mês com segurança e controle de qualidade.
O Cedeba conta com duas farmácias: a básica, que atende diariamente cerca de 180 pacientes e dispensa cerca de 12.000 unidades farmacêuticas por dia, e a Farmácia CEAF (Componente Especializado da Assistência Farmacêutica), que atende diariamente cerca de 100 pacientes e dispensa uma média de 2.000 unidades farmacêuticas/dia. Em 2008, o Cedeba elaborou o protocolo para Dispensação de Análogos de Insulina, de acordo com as diretrizes das sociedades científicas.
Sendo a educação a principal chave para o controle do diabetes, o Cedeba conta com o trabalho da Coordenação de Educação e Apoio à Rede CODAR), muito importante no atendimento à demanda espontânea de todo o interior do estado, para a qualificação profissional da atenção básica no atendimento aos pacientes com diabetes.
Mensalmente, em Salvador, a Codar realiza sessões de atualização em diabetes, abertas a profissionais de saúde e acadêmicos. Também fomenta a formação de associações em diabetes para fortalecer o cumprimento da Lei 11.347/2006, de Proteção ao Diabetes. O trabalho de educação busca a prevenção dos agravos do diabetes, diagnóstico precoce e tratamento precoce das complicações, que geram redução da qualidade de vida, absenteísmo ao trabalho e aposentadoria precoce.
Muito importante também é a produção de materiais educativos para a população com diabetes. Diversas instituições privadas do terceiro setor e universidades públicas solicitam frequentemente suporte educacional nestes materiais. Merece destaque a Cartilha Multimidia em Diabetes, destinada aos agentes de saúde como ferramenta de excelência.
Uma conquista importante foi o Programa de Residência Médica. A formação de endocrinologistas é muito importante, segundo Reine Chaves, porque sendo Cedeba referência em endocrinopatias, possibilita aos residentes o treinamento em ambulatórios de subespecialidades – diabetes tipo 1 e 2, tireóide (disfunção e nódulo), obesidade(clinica e cirúrgico) dentre outras.
A.M.V. Mtb 694/Ba
Cedeba/maioridade