Os avanços da Medicina, com o uso de novas tecnologias, não interferem nas amputações de membros inferiores (AMI). Os países que conseguiram reduzir as amputações apostaram na atenção primária e nas ações de prevenção, destacou hoje o cirurgião vascular do Cedeba, Cicero Fidelis, na apresentação muito didática sobre “Pé Diabético: do diagnóstico ao tratamento”. Ele reafirmou a importância da atenção básica, dizendo “vocês que têm o paciente da comunidade, podem fazer a diferença”.
A apresentação, no auditório do Centro de Atenção à Saúde (CAS), integrou a sessão mensal de atualização em diabetes para trabalhadores do SUS, da capital e do interior, além de estudantes. Iniciativa do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), unidade da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), por meio da Coordenação de Educação e Apoio à Rede(Codar)a sessão contou também com a apresentação do coordenador da Residência Médica do Cedeba, Alexis Guedes, sobre os “Resultados do Rastreamento do Pé Diabético/Proced.” Ele também reforçou a importância da prevenção do pé diabético, que pode ser feita pela Atenção Básica com ações simples.
Experiência Positiva
A experiência prática dos módulo III e IV do Proced, em nove municípios da Região de Paulo Afonso e mais Cicero Dantas e Dias D`Avila, durante seis meses, mostrou a importância das ações de prevenção do pé diabético. Desenvolvido em 11 unidades sentinelas – US – o trabalho do Proced fez levantamento da situação e nova avaliação após seis meses. O Proced mudou a conduta na região, conforme avaliou o endocrinologista Alexis Guedes.
Segundo o levantamento, 87,7% dos 847 pacientes diabéticos estudados nunca tinham feito avaliação do pé diabético. Após o treinamento do Proced, a situação se inverteu: 73,6 % tiveram a avaliação do pé diabético. O levantamento mostrou, segundo o especialista, que 47,9% do grupo estudado tinham lesões de grau I (inicial), idade média de 61,4anos; diabetes há mais de 7,4 anos, sendo 67,4 % formado por mulheres.
Prevenção
Os dois expositores reforçaram a importância da atenção dos profissionais da atenção básica na prevenção do pé diabético, fator de risco para amputações. Cicero Fidelis disse que no exame dos pés precisam ser observadas calosidades, micoses, ferimentos e o tipo de calçado. Muitos ferimentos começam – explicou- com o uso de sapatos inadequados. Em muitos casos o paciente necessita de sapatos especializados, que são fornecidos pelo Cepred, também da Sesab.
Segundo o especialista, por trás de calos pode estar uma úlcera. Independente da origem, a úlcera será sempre considerada uma porta de entrada para infecção e, portanto, risco para amputação A maioria das úlceras são causadas por truamas e apenas 10% das úlceras são exclusivamente por problemas vasculares. A neuropatia diabética que causa a perda da sensibilidade também é fator de risco para úlceras porque o ferimento não dói. O cirurgião vascular numa exposição com muita didática , mobilizou os participantes com perguntas sobre cada situação perguntando-lhes o que fazer ,como identificar os casos e o que fazer.
Exame dos Pés
O exame do pé do diabético é muito importante – explicou o angiologista. Além de avaliar alterações externas importantes como calosidades, rachaduras, micoses, ulcerações, é preciso também verificar sensibilidade e a pulsação dos pés. Como a diminuição da sensibilidade aumenta o risco dos traumas, o paciente diabético deve andar sempre calçado. O especialista relatou o caso de um paciente que teve queimadura nos pés ao andar na praia descalço e não sentir o calor. É muito comum – observou – o paciente diabético dizer que não está sentindo nada nos pés.
No final da sessão, a coordenadora da Codar, Graça Velanes, mostrou a importância dos profissionais da Atenção Básica na mobilização dos gestores municipais, para possibilitar o rastreamento de pacientes com diabetes, a realização do exames de hemoglobina glicada (marcador importante para a identificação e controle do diabetes) e a prevenção do pé diabético.
A.M. V. Mtb 694/Ba
Cedeba/Atenção Básica
