A vacinação é a principal forma de prevenir doenças infectocontagiosas como poliomielite, sarampo, rubéola e coqueluche. O Brasil é referência mundial em vacinação e o Sistema Único de Saúde (SUS) garante à população brasileira acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda assim, muitas pessoas deixam de comparecer aos postos de saúde para atualizar a carteira de vacinação, e também de levar os filhos no tempo correto de aplicação das vacinas.
Atualmente, são disponibilizadas pela rede pública de saúde de todo o país 17 vacinas no Calendário Nacional de Vacinação, para combater mais de 20 doenças, em diversas faixas etárias. Há ainda outras 10 vacinas especiais para grupos em condições clínicas específicas, como portadores de HIV, disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Desde a implantação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973, o Brasil já conseguiu erradicar a poliomielite, além de interromper a transmissão de sarampo a partir do ano 2000 e, desde 2009, não há mais registros de casos de rubéola e da síndrome de rubéola congênita. “Nas últimas décadas é possível verificar um importante impacto na redução dos casos de óbitos por doenças imunopreveníveis no nosso país”, ressalta a coordenadora geral do PNI, Carla Domingues.
Apesar da maioria das pessoas acreditarem que a vacina é somente para crianças, é importante manter a carteira de vacinação em dia em todas as idades para evitar o retorno de doenças já erradicadas. Os adultos devem ficar atentos à atualização da caderneta em relação a quatro tipos diferentes de vacina: contra a hepatite B, febre amarela, difteria, tétano, sarampo, rubéola e caxumba. Para as gestantes, existem três vacinas disponíveis no Calendário Nacional de Vacinação: hepatite B, dupla adulto e dTpa, que protege, além da hepatite, contra difteria, tétano e coqueluche.
Dependendo da vacina, o esquema vacinal completo pode ser composto de uma, duas ou três doses e ainda há a necessidade de se receber reforços. “Só quando esse esquema estiver completo é que o indivíduo estará devidamente protegido. Se a nossa população não estiver devidamente vacinada, essas doenças que já foram eliminadas do território nacional podem voltar a acontecer”, esclarece a coordenadora do PNI.
Preocupação do retorno das doenças
A autônoma Ana Paula da Silva, de 25 anos, sempre se preocupou em levar a filha para receber as doses que previnem contra diversas doenças da infância. No entanto, há cerca de um ano a moradora de Recife (PE) foi surpreendida com o diagnóstico de sarampo na criança, na época com sete meses de idade. “Por conta do surto de sarampo em Pernambuco, eu a levei para tomar a vacina. O problema foi que quando eu a levei ao posto de saúde pra receber a dose, ela já estava com o vírus e eu não sabia”, conta a mãe.
No calendário de rotina do Programa Nacional de Imunizações, as doses de vacina que protegem contra o sarampo são recomendadas aos 12 meses e aos 15 meses de idade. No caso de Pernambuco e Ceará, a campanha foi ampliada, em 2013 e 2014, para as crianças de seis meses de idade, devido ao surto da doença que ocorreu nesses estados. No total, foram registrados 637 casos da doença nos últimos dois anos, sendo todos importados ou relacionados à importação.
Para Carla Domingues, o surto de sarampo em Pernambuco e no Ceará serve como alerta à população a respeito da importância de dar continuidade à vacinação, mesmo para doenças que não tenham mais transmissão dentro do país. “Doenças que já foramgraves, que já tiveram milhares de casos, com milhares de óbitos, hoje não são consideradas mais como problema de saúde pública no nosso país. Mas, para isso, é necessário mantermos não só as crianças vacinadas, mas adolescentes e adultos também. Não só iniciando o esquema, mas tomando as demais doses”.
Proteção contra o HPV
O câncer de colo do útero é o terceiro tipo de tumor que mais mata mulheres no Brasil. Diagnosticada com a doença, Anna Fukumura passou por radioterapia associada à quimioterapia para enfrentar o câncer e sabe da importância da existência de uma vacina que previne a doença. “A vacina é prevenção. Sou a favor da prevenção para que muitas mulheres não tenham que passar pelo o que eu passei. E quanto mais cedo possível, melhor”, opina.
Tomar a vacina na adolescência é o primeiro de uma série de cuidados que a mulher deve adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero. Em 2014, a população-alvo da vacina contra o HPV é composta por meninas de 11 a 13 anos. Em 2015, serão vacinadas as adolescentes de 9 a 11 anos e, a partir de 2016, serão vacinadas as meninas que completam 9 anos de idade. Consciente do risco da doença, a estudante Pietra Amarante, de 12 anos, é uma das mais de 4,9 milhões de adolescentes que já receberam a primeira dose da vacina. “Eu acho a vacina importante, porque você vai garantir que não vai ter doença (câncer). Então é uma boa ideia”, avalia.
O SUS trabalha com três doses para que seja garantida a eficácia da vacina HPV. O intervalo entre as duas primeiras é de seis meses e a terceira é dada, como reforço, cinco anos depois da segunda dose.”É importante ressaltar que meninas que ainda não foram vacinadas e que estejam na faixa etária, poderão ser vacinadas em qualquer momento nos serviços de saúde ou nas escolas, dependendo da estratégia de vacinação adotada pelos municípios. Só com o esquema de vacinação completo a vacinação é efetiva”, explica Carla Domingues.
Fonte: MS
/ministério da saúde/imunização