As imagens do pé diabético (complicação decorrente do diabetes sem controle) e os números de amputações são assustadores. A cada minuto ocorrem duas amputações em todo o mundo, decorrentes do diabetes mellitus (DM). Mas a esperança reside na prevenção, como explicou hoje, ao abrir o curso avançado de Pé Diabético – Step by Step – a endocrinologista Odelisa Matos, coordenadora de Planejamento do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), unidade da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Segundo a endocrinologista, 80% das amputações em pessoas com DM são precedidas de úlceras, que podem ser evitadas. Para a prevenção – pontuou – é fundamental que os pacientes diabéticos tenham seus pés examinados. Os números mostram que essa avaliação não é feita em 58% dos pacientes: 25% na Região Sudeste; 43% na Região Sul; 47%, no Norte e 45% no Centro Oeste.
Internação prolongada
Entre 40 a 60% das amputações não- traumáticas são realizadas em pacientes diabéticos. E a amputação significa redução da qualidade de vida, como destacou Odelisa Matos. O pé diabético também é a principal causa de internação prolongada. No Brasil, são 169,6 mil internações/ano com 80,9 mil amputações e 21,7 mil óbitos. Essas internações têm um custo muito alto, com em média sete vezes o valor da tabela SUS.
Mas é possível mudar essa realidade, como enfatizou a palestrante, com o trabalho de prevenção que faça o rastreamento da população diabética, a fim de cuidar da doença na fase inicial e desenvolver ações para manter o diabetes sob controle, como avaliação de hemoglobina glicada (dá a média do nível de glicemia de três meses). Mantendo o diabetes sob controle com essa avaliação, e com a assistência da equipe multidisciplinar, a taxa de amputação pode cair entre 49 a 85%. Com a redução da taxa de hemoglobina glicada de 9,3 para 8,3 a redução já pode ser de 34%.
Odelisa Matos apresentou também a experiência pratica do Proced, que nos módulos III e IV contou com o curso básico do Step by Step, atingindo 11 municípios – 11 da Região de Paulo Afonso, mais Cicero Dantas e Dias D´Ávila. Fez parte do curso o rastreamento do pé diabético.
A palestrante enfatizou que no trabalho de prevenção do pé diabético, tarefa que deve envolver toda a equipe multidisciplinar, “o paciente não pode ser esquecido. Ele precisa ser envolvido, pois faz parte da equipe”, disse.
Neuropatia
O curso, com uma vasta programação, que se prolongou até o final da tarde, teve continuidade com o Módulo sobre Neuropatia, apresentado pela endocrinologista do Cedeba e professora da UFBA, Iraci Oliveira. Ela começou mostrando que a neuropatia é uma complicação muito frequente nos pacientes diabéticos, sendo uma das principais causas de amputação no Brasil e no mundo. É muito importante – destacou – o controle metabólico e glicêmico do paciente.
Os principais fatores de risco para a neuropatia diabética são a duração da doença, a suscetibilidade genética, tabagismo, álcool, hipertensão arterial e descontrole metabólico e glicêmico. Segundo a endocrinologista, no Diabetes Mellitus tipo 1, após 5 anos de diagnóstico é indicado o rastreamento para neuropatia. No DM tipo 2, no diagnostico do diabetes e anualmente.
Reabilitação
Quando os pacientes diabéticos sofrem amputações, são encaminhados para o Cepred (também da estrutura da Sesab), instituição que trabalha na reabilitação para a vida, como destacou a diretora Normélia Quinto, que abriu a mesa-redonda “Descarga de Pressão e Peso”, com a participação do fisiatra, fisioterapeuta e do ortoprotesista.
Normélia Quinto disse que o paciente, ao sofrer amputação, vive um luto, dai a importância da equipe multidisciplinar que o assiste no Cepred. “A equipe prepara o paciente para que ele possa se sentir inteiro, mesmo que lhe falte uma perna, Isso para que as pessoas também possam percebê-lo inteiro”
Dinâmica
A equipe da Coordenação de Educação e Apoio à Rede (Codar), do Cedeba, fez no intervalo do curso uma dinâmica para que os profissionais de saúde pudessem vivenciar as dificuldades dos pacientes diabéticos sentem em razão dos problemas nos pés. Os profissionais caminharam sobre um caminho, cujo contorno dos pés, era feito de pedregulhos.
Os profissionais de saúde também contaram com profissionais de massoterapia para massagens nos pés, reforçando a necessidade de cuidar de quem cuida.
Ascom do Cedeba
Cedeba/prevençãopé
05/12/2024 09:58
02/12/2024 17:01