O Ambulatório Mutidisciplinar de Ajuste Glicêmico, do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), unidade da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), vem conseguindo resultados que mostram a importância da ação para os pacientes que usam insulina, mas têm dificuldade para manter a glicemia sob controle. Amostra feita ano passado, com 112 pacientes, dos quais 52 fizeram exame de hemoglobina glicada (avalia o nível de glicose do período de três meses), seis meses após serem atendidos no Ambulatório de Ajuste, evidenciou a superação da meta esperada.
Do grupo que teve a hemoglobina glicada avaliada, as mulheres representaram 78,8% (41) e a idade média do grupo foi de 59 anos. A meta da hemoglobina glicada varia em função da idade do paciente – foi de 7 para 71,2% do grupo e de 8 para 28,8%.Na hemoglobina inicial de 9,8, com a redução, o nível esperado era de 8,6, mas o nível alcançado foi de 8. A experiência e os números foram apresentados e analisados na manhã de hoje, na sessão temática em diabetes, iniciativa do Cedeba, por meio da Coordenação de Educação e Apoio à Rede (Codar), que acontece na primeira terça feira de cada mês, para os trabalhadores do SUS (capital e interior) que atendem pacientes diabéticos na Atenção Básica.
Trabalho em equipe
Na abertura da sessão, que teve como palestrantes a psicóloga Kécia Lima e a enfermeira Iara Mello, do Ambulatório de Ajuste Glicêmico, Julia Coutinho, da Codar, enfatizou a importância do envolvimento da equipe para chegar ao paciente: “É preciso mexer com a atitude da equipe para mexer com a atitude do paciente” refletiu. Em seguida, mostrou que não é uma matemática simples para o paciente, que precisa aprender a comer o que pode, na medida que pode. Porque o paciente que usa insulina, se não observar o plano alimentar, pode apresentar situações de hipo e hiperglicemia.
E para mudar a atitude do paciente, para que ele se conscientize do seu papel no autocuidado, o trabalho multidisciplinar é muito importante. Um trabalho que precisa de vários olhares como observa a psicóloga Kécia Lima. O trabalho com os pacientes é realizado em grupo, com muitas dinâmicas, troca de experiências. O paciente, segundo explicou Kécia Lima, com o trabalho do Ambulatório, deve ser capaz de entender o mecanismo básico do diabetes e seu caráter progressivo.
Também é objetivo do Ambulatório capacitar o paciente para a realização do autocuidado por meio da educação em diabetes, inclusive do automonitoramento da glicemia capilar. Tem ainda como proposta motivar o paciente para uma maior adesão ao tratamento, levantando questões relacionadas às barreiras sociais e psicológicas.
Os pacientes do Ambulatório Multidisciplinar de Ajuste Glicêmico participam de reuniões em grupo. Na primeira, eles têm a oportunidade de manifestar seus sentimentos, seus medos, crenças e mitos, desde que receberam o diagnóstico do diabetes. A primeira reação na maioria dos pacientes é de negação, como destaca Kécia Lima. Muitos dizem que “tenho diabetes emocional”, uma maneira de negar a doença. Na avaliação da enfermeira Iara Mello, o desconhecimento que muitos pacientes revelam, mesmo os que já tiveram acesso à informação, é também uma forma de negação.
Nas reuniões, há espaço para discussão e atividades práticas sobre a alimentação e a necessidade de seguir o plano alimentar, para o sucesso no ajuste da glicemia. A prática da atividade física, a outra chave para o sucesso do controle do diabetes, também é estimulada e discutida, levando em consideração a realidade de cada paciente.
Na terceira reunião, a atenção é centrada nas técnicas de aplicação de insulina com atividades práticas que incluem o treinamento num boneco, réplica de um adulto. E mais: ensinamentos sobre o transporte e armazenamento da insulina. A quarta reunião concentra sua ação no cuidado com os pés, com encaminhamentos para médicos especialistas.
Após cada encontro, os pacientes do grupo do Ambulatório de Ajuste Glicêmico- são quatro reuniões – fazem sete medições da glicose durante três dias. Tudo fica registrado no formulário e também no glicosímetro que o Cedeba empresta aos participantes do grupo, além de fornecer fitas reagentes e lancetas. Eles preenchem também o Recordatório Alimentar, onde anotam os alimentos e quantidades ingeridas em cada refeição, explica Iara Melo. Após seis meses, os pacientes retornam com o exame de hemoglobina glicada. Aqueles que não atingem a meta de redução esperada voltam a participar do Ambulatório de Ajuste Glicêmico.
A.M. V. Mtb 694/Ba
Cedeba/sessãoagosto