O diagnóstico precoce e o tratamento adequado do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) são os caminhos para retardar as complicações (retinopatia, pé diabético, neuropatia, nefropatia, problemas macro e microvasculares, doença arterial coronariana) da doença, que cresce em todo o mundo e sinaliza um “boom” para os próximos 10 anos. Atualmente 50% dos diagnósticos são de pacientes que já apresentam alguma complicação porque eles já convivem com o DM2 até há mais de dez anos sem saber.
O alerta foi feito hoje pela endocrinologista e professora da UFBa, Iraci Lúcia Costa Oliveira, na sessão de atualização em diabetes que o Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) unidade da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) promove, por meio da Coordenação de Educação e Apoio à Rede(Codar), sempre na primeira terça-feira do mês, no auditório do Centro de Atenção à Saúde (CAS). A sessão tem como público-alvo trabalhadores do SUS (capital e interior) e estudantes de nível superior dos cursos da área de saúde.
Fatores de risco
Segundo a endocrinologista, o diabetes tipo 2 – representa 90 % dos casos da doença contra 10% do tipo 1 – deve ser diagnosticado precocemente. Hoje – disse – temos meios mais precisos para evitar que um paciente com alteração na glicemia – maior que 100 e menor que 125 – mas com fatores de riscos elevados (histórico familiar, sedentarismo, obesidade, colesterol e triglicérides elevados, hipertensão) evolua para o diabetes.
A sessão temática apresentada pela professora Iraci Oliveira trouxe um estudo de caso, permitindo a análise de cada passo e a evolução da paciente. O exemplo foi de uma paciente com 50 anos, fumante, sedentária, histórico familiar de diabetes, obesidade grau 3, pressão arterial de 14×10, queixa de cansaço crônico. A alteração da glicemia de jejum estava fora do nível aceitável, mas não caracterizava diabetes. A paciente conseguiu reduzir 5% do peso, os níveis de colesterol e triglicérides. Mas, abandonou o tratamento, retornando depois de três anos, quando a glicemia de jejum era de 149 e a pós – prandial (duas horas após se alimentar, de 264, confirmando-se o diabetes.
A especialista explicou que a partir dos 40 anos aumenta o risco de diabetes, bem como de outras doenças crônicas. O risco existe para todas as pessoas que envelhecem. O que muda -disse – é o nível do risco, que pode ser menor ou maior. No caso do diabetes tipo 2, o fator genético é muito importante. Outro fator de risco importante é representado pelas dislipidemias. É preciso ficar atento ao HDL e aos LDL (frações do colesterol) .O HDL baixo é tão vilão quanto o LDL alto.
Em relação aos triglicérides, sua redução é obtida com a redução da ingestão de carboidratos (pães, biscoitos, massas, refrigerantes cervejas, roscas e doces). Mas, segundo a especialista, medicamento para a redução de triglicérides não deve ser usado se não estiver acima de 500, não for paciente diabético ou não tenha histórico de doença coronária.
No Brasil, a doença arterial coronária é a principal causa de morte. E o paciente diabético tem de duas a três vezes mais enfarte do que o não diabético. Citando essa estatística a endocrinologista mostrou a importância dos cuidados com o paciente diabético, visando a retardar as complicações que são causa de morte, reduzem a qualidade de vida e têm um custo muito elevado.
Dia Mundial do Diabetes
A sessão foi iniciada com as orientações da assistente social Julia Coutinho, da Codar, a respeito do Dia Mundial do Diabetes – 13 de novembro -, data em que os municípios devem desenvolver ações para mobilizar os pacientes diabéticos, além de alertar à sociedade em geral para o avanço da doença em todo o mundo.
A Codar já encaminhou orientação anteriormente para todos os 417 municípios da Bahia e para os nove Núcleos Regionais da Sesab, mostrando a importância da mobilização para o Dia Mundial do Diabetes.
A.M.V. Mtb 694/Ba
Cedeba/sessãooutubro