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Pacientes do ICOM recebem assistência especializada em psiquiatria psicossomática

14/10/2019 11:07

Os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades de pessoas no continente americano, de acordo com o estudo “A carga dos transtornos mentais na Região das Américas, 2018”, realizado pela Organização Mundial de Saúde. Apesar disso, segundo a OMS, o investimento em saúde mental representa, em média, apenas 2% do orçamento de saúde do Brasil e, dessa porcentagem, cerca de 60% se destinam a hospitais psiquiátricos.

Apesar de a maior parte dos investimentos ainda se concentrar nos hospitais psiquiátricos, tem crescido a atenção com a saúde mental dos pacientes que estão assistidos em hospitais gerais ou de outras especialidades. No Instituto Couto Maia (ICOM), a psiquiatria tem grande relevância, em particular a psiquiatria psicossomática, que tem como foco o tratamento de condições comportamentais em pacientes com problemas médicos, especialmente aqueles que apresentam condições complexas ou de longo prazo. Grande parte dos pacientes do ICOM farão tratamentos por longos períodos e alguns necessitarão de cuidados por toda a vida, por isso possuem chance de desenvolver doenças psicossomáticas. A OMS estima que 1 em cada 10 pessoas precisará de cuidados de saúde mental em algum momento da vida, sendo a depressão e a ansiedade os dois transtornos mais frequentes.

O médico do ICOM especialista em psiquiatria psicossomática, Lucas Argolo, diz que a inclusão desta especialidade na equipe multidisciplinar é determinante para que o paciente receba o diagnóstico correto e o tratamento mais assertivo. Condições clínicas e o uso de alguns medicamentos costumam causar sintomas psiquiátricos, sendo muito comum que estas manifestações tenham interpretação errada.

Assistência psiquiátrica para os pacientes com hanseníase e AIDS

AIDS e hanseníase são doenças que tem o ICOM como hospital referência para tratamento na Bahia. No caso dos pacientes com AIDS, é grande a probabilidade de desenvolver problemas psíquicos, porque o vírus HIV afeta o sistema nervoso central, sendo este grupo objeto de uma subespecialidade da psiquiatria psicossomática.

Já os pacientes com hanseníase enfrentam o estigma que a doença ainda carrega e o longo período de tratamento para os casos mais graves. Estas condições podem levá-los a um estado depressivo.

Doenças psicossomáticas

Segundo Lucas Argolo, a psiquiatria psicossomática é a especialidade que busca se concentrar nas interações entre mente e corpo, de um ponto de vista prático. “Podemos ver muitos pacientes com problemas que são endocrinológicos, imunológicos e infecciosos, mas que tem uma apresentação psíquica. Cada um de nós tem uma forma particular e carregada do nosso psiquismo na apresentação de qualquer doença”.

O psiquiatra explica que as medicações usadas pelos pacientes também podem vir a comprometer o sistema nervoso central e provocar alterações emocionais: “alguns antibióticos são capazes de levar à confusão mental, assim como alguns antirretrovirais que podem induzir a estados emocionais depressivos e de mania. Há uma complexidade de coisas que são utilizadas do nosso arsenal farmacológico que podem levar a sintomas psicóticos”.

O impacto do ambiente hospitalar

Lucas Argolo explica ainda que grande parte das pessoas submetidas à internação hospitalar desenvolvem doenças psicossomáticas, pelo afastamento do convívio com a família e pelas próprias características do ambiente hospitalar, com rotinas e controles. Há casos em que uma particularidade do paciente se manifesta quando ele está internado no hospital “é sempre um momento muito singular, a pessoa fica distante do seu ambiente social, e vem para um local controlado onde o seu corpo lhe obriga a estar em um momento reflexivo. Muitas questões afloram e podem expressar realmente um conflito, a hospitalização dá oportunidade para que esses conflitos aflorem”.

O desafio do psiquiatra é apresentar diagnósticos precisos das alterações psíquicas e contribuir com a equipe para tratamentos mais assertivos. “O olhar especializado consegue apresentar caminhos práticos para a complexidade da apresentação psíquica e somática das doenças. A tendência, quando não há o especialista, é que haja um reducionismo no diagnóstico. Eu já tive experiência com pacientes que tinham diagnóstico de incapacidade, mas com o olhar correto, os pacientes ressuscitam, ou a pessoa, por ter um histórico psiquiátrico, tem suas outras queixas negligenciadas” conclui Lucas Argolo.

Ascom do ICOM

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