Eles reclamam das furadas diárias para avaliação da glicemia e aplicação da insulina, sonham que o pâncreas volte a funcionar, mas vêem o lado positivo: com o diabetes passaram a ter uma alimentação saudável, deixando de comer porcarias (como eles definem refrigerantes, biscoitos recheados e outros alimentos industrializados) e que a mudança de hábitos, em alguns exemplos, foi para a toda a família. Os relatos são de crianças e adolescentes ( diabetes tipo 1) do Setor Infanto-Juvenil (Siju) do Centro de Diabetes e Endocrinologia do Centro do Diabetes e Endocrinologia da Bahia(Cedeba) que fizeram parte de uma dinâmica realizada hoje,integrando a programação do Diabetes Azul , que prossegue até o dia 14 de Novembro (Dia Mundial do Diabetes).
O trabalho teve três momentos distintos. Enquanto os responsáveis pelos pequenos pacientes (mães na sua quase totalidade) participavam de uma oficina sobre alimentação com a nutricionista Isis Teodoro sobre contagem de carboidratos, com atividade prática do lanche (bolo de frutas preparado sem açúcar, pipoca, suco), na Brinquedoteca as crianças e adolescentes escreviam (os pequenos desenharam) o sentimento em relação ao diabetes. Os textos não foram identificados e, depois, foram distribuídos com os responsáveis, aleatoriamente.
Cada leitura foi seguida de debates com os responsáveis e equipe do Siju. As mães foram muito incisivas afirmando que não querem seus filhos tratados como “coitadinhos” por serem diabéticos. Uma das mães contou o impacto ao receber o diagnóstico “porque eu nem sabia que criança podia ter diabetes. Um quadro agudo – lembra – como é comum na descoberta da doença, mas fui me conscientizando. Quando meu filho foi chamado para o primeiro aniversário foi uma briga porque meu marido achava que por ser diabético ele seria isolado do convívio social .E não é assim.Levei a garrafinha com o suco e ele participou porque a gente precisa aprender que não devemos ir às festas apenas para comer”.
REFORÇO DE EDUCAÇÂO COM AS CARAVANAS
Nesta manhã, na programação do Diabetes Azul do Cedeba, também houve ação educativa (caravana) sobre “Uso Racional de Medicamentos e Aplicação de Insulina com caneta”, ação dos setores de Enfermagem e Farmácia. Além das explicações bem didáticas sobre armazenamento, transporte e aplicação de insulina foi distribuído folder “Técnica de Aplicação de Insulina” que traz até os cuidados sobre o descarte de seringas, agulhas e lancetas, de olho na prevenção de acidentes e proteção do meio ambiente.
A novidade apresentada na oficina foi a apresentação da insulina NPH e regular, em forma de caneta para diabéticos tipo 1 – para crianças e adolescentes até 15 anos e idosos, a partir de 60 anos – definição do Ministério da Saúde, substituindo a insulina em frascos de vidros. A nova apresentação significa mais conforto, facilita a conservação e aumenta a adesão ao tratamento .No caso de idosos, com baixa acuidade visual, torna-se mais seguro.
A insulina NPH e Regular é obtida nos postos de saúde, mediante receita médica. Como explicou o farmacêutico do Cedeba, Anderson Lima. Ele explicou a diferença entre essas insulinas e os análogos, consideradas insulinas de ponta, mas que são dispensadas mediante Protocolo e o pedido é avaliado por uma comissão.
A enfermeira Ana Cláudia Perrota focou muito na conservação da insulina -trouxe até uma geladeira de brinquedo para mostrar como a insulina deve ser conservada – na terceira prateleira (fora da geladeira por 30 dias, se não for exposta ao calor) – Também mostrou os locais de aplicação, a necessidade de fazer rodízio das áreas.
A programação do Cedeba continua até quinta-feira, 14 de Novembro (Dia Mundial do Diabetes) quando será lançada a Carteira de Vacinação do Diabético e haverá palestra no auditório do Centro de Atenção à Saúde (CAS) a sobre Prevenção da Doença Renal em Diabetes.
ENTENDENDO O DIABETES TIPO 1
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), os casos de diabetes tipo 1 representam entre 5% e 10% do total dos casos de diabetes. Ou seja: a incidência de diabetes tipo 1 é muito menor do que a de diabetes tipo 2.
Outra característica importante do diabetes tipo 1 é que a doença costuma aparecer durante a infância, na adolescência ou até mesmo na idade adulta.
Ao contrário do diabetes tipo 2, o diabetes tipo 1 não ocorre devido ao estilo de vida, mas a um defeito no sistema imunológico, que ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina, impedindo que o pâncreas possa desempenhar a sua função corretamente.
Como não existe cura para o diabetes tipo 1 é importante que ele seja controlado. Por isso, pessoas com diabetes tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina, com o objetivo de manter o controle da glicemia, além de outras medidas preventivas, alimentação saudável e a prática de exercícios físicos.
Ascom Cedeba