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Equipe do Núcleo de Obesidade do CEDEBA faz sessão de acolhimento para novos pacientes

06/03/2020 13:47

Sem sucesso nas tentativas para controlar a obesidade, a cabeleireira Eduarda Santos de Lima, 33 anos, 1,57 de altura, sofre – principalmente dores nas pernas e na região lombar – para conviver com 114 quilos de peso .”Eu perco 10 quilos e recupero 11, uma batalha que começou depois do nascimento dos meus dois filhos”. Ontem ela veio da cidade de São Gonçalo dos Campos para a sessão de acolhimento que o Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) faz para os novos pacientes matriculados no Núcleo de Obesidade.

É um momento de reflexão, quando a equipe multidisciplinar apresenta o passo a passo do tratamento e todas as atividades que são desenvolvidas. Os pacientes, vindos de todos os cantos da Bahia, aprendem na chegada que o sucesso depende principalmente do compromisso de assiduidade às consultas, de seguir o Plano Alimentar, mudar estilo de vida com espaço para atividade física. Isso ficou claro no início da sessão, quando a nutricionista Lorenna Fracalossi mostrou a necessidade de reflexão: “Muitos de vocês viajaram a noite toda. É preciso, pois, que vocês se perguntem: o que me fez chegar até aqui”? Explicou que o Núcleo de Obesidade do Cedeba trabalha de forma integrada, atenta para todos os problemas associados à obesidade e os caminhos para assegurar o tratamento. Técnica e empatia da equipe, sempre de mãos dadas.

Na sessão, no auditório da Escola de Saúde Pública Professor Jorge Novis, o grupo – predominante feminino – teve uma “entrada” sobre os caminhos para alimentação saudável, que durante o tratamento tem “menu” completo com o Plano Alimentar (individual) e várias palestras.

A nutricionista mostrou a importância da alimentação saudável – deve ser seguida por toda a população – para o sucesso no tratamento da obesidade, acrescentando que “a alimentação é um dos princípios básicos para qualidade de vida, E alimentação saudável – explica – é alimentação equilibrada – que tanto previne, como ajuda no tratamento de doenças já existentes”.

A equipe de Nutrição do Núcleo de Obesidade do Cedeba faz atendimento individual, em grupo e no pós-cirúrgico (para quem se submete à cirurgia bariátrica). Cada paciente conta com plano alimentar, diferente de dieta como explica a nutricionista. “Dieta é de segunda sexta-feira, Já o plano tem metas a curto, médio e longo prazo e implica planejar a alimentação”. O planejamento segundo a nutricionista, começa na ida às compras, na definição do cardápio e preparação.

Muito importante também é participar das palestras mensais sobre Obesidade. O Núcleo também conta com o Grappo – Grupo de Reflexão e Apoio a Pacientes com Obesidade, que une o trabalho da Nutrição e Psicologia. Observando que obesidade não tem cura, mas que exige tratamento, Lorenna Fracalossi mostrou que, é preciso alimentação saudável e a prática de exercícios físicos para o resto da vida.

MUITOS ESTÍMULOS PARA A COMIDA

Os novos pacientes ouviram em seguida as explicações da endocrinologista Regilene Batista, que começou explicando o IMC (índice de Massa Corpórea) que é o resultado da divisão do peso multiplicado pelo peso. Entre 18,5 a 24.9 é considerado normal. O Cedeba atende pacientes com grau de obesidade 2 (IMC de 35 a 39,9) e 3, acima de 40, encaminhados pela Atenção Básica, desde que preencham os critérios para a matrícula.

A especialista explicou que a obesidade resulta de vários fatores e um deles é genético. Por trás da pessoa com obesidade há um corpo programado para acumular gordura, a grande disponibilidade de alimentos, muitos estímulos para a comida e o comer, associados a diminuição do gasto de energia com a vida moderna.

“Por ser uma doença crônica, o tratamento é complexo, embora a sociedade ainda insista em afirmar que a pessoa permanece obesa porque não tem força de vontade, ou por ter preguiça para fazer exercício. Tratar a obesidade – destacou – é muito importante como destaca a endocrinologista porque é fator de risco para vários problemas de saúde: aumenta o risco de diabetes tipo 2,ataques cardíacos, trombose, hipertensão, câncer, baixa autoestima, depressão, aumento do colesterol, câncer e ,também menor expectativa de vida.

EMPODERAMENTO

Durante o tratamento, os pacientes se fortalecem com o trabalho do Serviço Social, que faz a orientação sobre direitos assegurados pelas politicas públicas da saúde e assistência social. A questão do Tratamento Fora do Domicilio (TFD) garantido pelo SUS é bem discutido porque alguns gestores entendem que esse direito não é garantido para a Obesidade. A assistente social Gláucia Loiola explicou que o “Cedeba” não atua junto aos gestores municipais, mas trabalha o empoderamento dos pacientes para que eles possam buscar seus direitos.

E o apoio social é muito importante porque a obesidade também dificulta o acesso ao emprego. Adriana Moreira dos Reis, 25 anos, 1,67 de altura e 122 quilos – viajou durante a noite de Irecê para Salvador, a fim de participar do acolhimento. Ela está com muita esperança no tratamento do Cedeba porque o peso excessivo tem agravado a bronquite asmática, além de estar sofrendo muito com dores na coluna.

A psicóloga Viviane Oliveira encerrou a sessão justificando a presença do psiquiatra e do psicólogo na equipe multidisciplinar. Explicou que aspectos psicológicos podem contribuir para a obesidade. Situações de perda (separação, perda de pessoa da família, perda do emprego).E a obesidade também pode estar associada a compulsão alimentar(come sem controle) e transtorno de imagem (a pessoa não se reconhece como obesa).

Ascom do Cedeba

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