O teleatendimento que o Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) oferece aos seus usuários, desde a suspensão do atendimento presencial em março, em virtude da pandemia da COVID-19, tem garantido a assistência. A diretora do Cedeba, Reine Chaves, observa que os pacientes com diabetes e obesidade – representam mais de 50% da demanda do Centro – fazem parte do grupo de risco da COVID-19. Por isso – explica – tivemos que suspender as consultas nos ambulatoriais, mas garantindo a assistência de forma remota. Nesta entrevista, a nutricionista Lorenna Fracalossi, do Núcleo de Obesidade do Cedeba, avalia o teleatendimento, mostra os efeitos da pandemia nos pacientes e, também, dá dicas à população em geral para ter mais saúde, agora na pandemia, passando pelo caminho da alimentação saudável.
Qual sua avaliação sobre o teleatendimento em Nutrição que o Cedeba está oferecendo com a pandemia da COVID-19?
Lorenna Fracalossi – É extremamente positiva. Estamos conseguindo alcançar pacientes de todos os municípios da Bahia, que moram em cidades e na zona rural.O que na atual situação é providencial, uma vez que o transporte intermunicipal está suspenso, além de muitas prefeituras também suspenderem o TFD( Tratamento Fora do Domicílio) para consultas de rotina.
Quais as queixas mais frequentes durante as consultas?
LF – Como o nosso paciente faz parte do grupo de risco, pois muitos são portadores de obesidade grau 2 e 3, diabetes, hipertensão, embora com média de idade de 50 anos, eles estão com medo de contraírem a COVID-19. Muitos falam que o isolamento social é difícil, sentem-se sozinhos, porém sabem da sua necessidade para evitar o contágio.
O distanciamento social, ao afastar de festas, restaurantes tem ajudado no controle do peso? ou fica mais difícil seguir o Plano Alimentar definido pela Equipe de Nutrição?
LF – Isso está bem dividido. Tem paciente que realmente aderiu ao auto-cuidado. Agora, mais do que nunca, está seguindo o plano, se exercitando em casa e até perdendo peso, acredito que por ter mais tempo de cuidar de si e por essa atmosfera de medo provocada pela iminência da doença. Por outro lado, temos pacientes que ficaram mais ansiosos e, também com medo. Com isso o comer tornou-se uma forma de fuga e ,ao mesmo tempo , de compensação por não terem outros prazeres, como sair, estar com outras pessoas.
Quanto aos pacientes que estavam prontos para a cirurgia bariátrica,o que aconteceu, uma vez que em razão da pandemia cirurgias eletivas foram suspensas?
LF – Esses pacientes são prioridade no teleatendimento, para que saibam que o tratamento continua e informar que essa suspensão é momentânea por conta da pandemia e que agora, mais do que nunca, eles devem seguir as orientações sobre alimentação, atividade física (exercícios em casa), uso correto das medicações e assim que liberado o procedimento, retomaremos de onde paramos.
Como é feito o controle do peso, por exemplo? O paciente diz quanto está pesando? O uso de imagem pelo whatsapp, e-mail também ajuda na avaliação?
LF – Nesse momento “o peso” não é um parâmetro muito cobrado. Atentamos mais às informações sobre o autocuidado de maneira geral: horas de sono, hidratação, as emoções, e principalmente a qualidade da alimentação. O paciente se sente acolhido e cuidado e isso, de certa forma, lhe dá uma sensação de segurança, de que ele não está só e pode contar conosco, mesmo à distância. Quanto à chamada de vídeo alguns pedem para ser realizada pois querem ver o profissional e mostrar como estão, mas é apenas uma minoria.
O acompanhamento em Nutrição segue o mesmo fluxo das demais especialidades da equipe multidisciplinar: um trabalho proativo de buscar o paciente,de acordo com a consulta previamente agendada?
LF – Sem dúvida. Estamos em sintonia da mesma forma, como antes da pandemia.
Qual sua expectativa quanto à utilização do teleatendimento em Nutrição na pós-pandemia?
LF – Atendemos pacientes de toda a Bahia em um momento muito peculiar. Com o teleatendimento encurtamos distâncias e diminuímos risco de contaminação sem deixar o usuário desassistido. Contudo, de maneira nenhuma essa modalidade substitui o atendimento presencial. Pois de acordo com o nosso Código de Ética do Nutricionista as consultas só podem ser presenciais. Por conta da pandemia, o Conselho Federal de Nutrição prorrogou a Resolução nº 646, de 18 de março de 2020,.Com isso, os nutricionistas estão autorizados a realizar atendimento online até 28 de fevereiro de 2021
Para a população em geral, com problemas de sobrepeso e obesidade, qual o caminho para vencer o distanciamento social de forma saudável quanto à alimentação?
LF – Para manter o bom funcionamento do nosso organismo uma alimentação adequada e hábitos saudáveis podem, sim, ser um fator importante! Alimentação equilibrada é vital à manutenção de um corpo sadio, tornando-se um dos princípios básicos para uma vida saudável. O primeiro passo para isso é o planejamento. Preparar as principais refeições, café da manhã, almoço, jantar, levando em consideração o uso dos alimentos in natura e minimamente processados, dando preferência a frutas e verduras da estação que são mais baratas e geralmente contêm menos agrotóxicos. Controlar o uso de sal e açúcar. Evitar fritar os alimentos, preferir mais prepará-los assados, cozidos, ensopados. Fazer da hora da refeição um momento de cuidado com nosso corpo, pois alimentá-lo de maneira adequada é ajudar a mantê-lo sadio!
Ascom do Cedeba