O verbo compartilhar, tão em evidência no mundo virtual, ganha mais importância neste 14 de Novembro, Dia Mundial do Diabetes. Se você tem informações sobre o diabetes e conhece alguém que tem a doença, mas não se cuida (fuma, faz uso de bebidas alcoólicas sem controle, não faz atividade física e não tem alimentação saudável), participe da mobilização do planeta, para alertar a população sobre a necessidade de ter uma vida saudável que contribua para a redução do diabetes e que ajude a retardar as complicações da doença. O alerta é da fundadora e diretora do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia, Cedeba, endocrinologista Reine Chaves.
O diabetes integra o rol das doenças crônicas não-transmissíveis. Ou seja, não tem cura, mas tem controle. “Certamente você já ouviu alguém falar que tem diabetes emocional, expressão muito usada para negar a doença diante do diagnóstico, porque a doença está associada a complicações que reduzem a qualidade de vida: cegueira, amputação, doenças cardiovasculares, renais, impotência sexual. As complicações existem, mas podem ser prevenidas e retardadas, se o diabetes estiver controlado. Para essa conquista é essencial, além dos medicamentos, mudar o estilo de vida com a prática de atividade física e alimentação saudável”, orienta Reine Chaves.
Crescimento
Conforme a diretora do Cedeba, a mudança de estilo de vida é muito importante para prevenir o diabetes, já considerado pandemia. São 425 milhões em todo o mundo, e até 2030 esse número deve chegar a 629 milhões, segundo projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS). O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial com 16,5 milhões de casos de diabetes. Por ser uma doença silenciosa – no caso de diabetes tipo 2 e que representa 90% dos casos, ao contrário do diabetes tipo 1 que se manifesta de forma abrupta – uma parcela, estimada em quase 50 % dos casos, não tem o diagnóstico. E por isso, muitas pessoas recebem a confirmação do diabetes quando buscam serviços de emergência já com complicações, como AVC (acidente vascular cerebral), enfarte, complicações de ferimentos em membros inferiores.
O caminho para o diagnóstico precoce passa necessariamente pelo fortalecimento da Atenção Primária de Saúde – onde o diabetes pode ser prevenido, diagnosticado e tratado. Para o Cedeba, Centro de Referência, devem ser encaminhados os casos complexos, quando já há complicações que exigem a atenção de especialistas, como nefrologistas, cirurgião vascular, retinólogos, dentre outros. Atualmente, com o Telecedeba, o profissional da Atenção Primária de Saúde conta com o suporte dos especialistas do Cedeba para a Teleconsultoria, muito importante para fortalecer o trabalho dos profissionais da APS. Ainda como observou a diretora do CEDEBA, o Centro de Referência também oferece atendimento especializado para obesidade e outras endocrinopatias como distúrbios do crescimento, puberdade precoce, dentre outros.
Segundo Reine Chaves, no Brasil estima-se mais de 17 milhões de pessoas com diabetes. Esse número vem crescendo devido principalmente ao aumento da obesidade e envelhecimento da população. Diante disto, mudanças de estilo de vida que contribuam para prevenir a obesidade também ajudam a reduzir o ritmo do crescimento dos casos de diabetes. O controle do diabetes, que não é fácil no caso do paciente adulto, por exigir mudanças no estilo de vida, para o idoso é ainda mais complexo.
Segundo a endocrinologista, diabetes no idoso é mais grave nos pacientes que apresentam comorbidades como doença macro e micro – vasculares, depressão, alterações cognitivas. A depressão, por sua vez, aumenta em duas vezes o risco de demências. Quanto mais doenças associadas, maior o uso de remédios e os idosos usam três vezes mais medicamentos que diabéticos não idosos.
Dia Mundial
O 14 de novembro, dia Mundial do Diabetes, foi criado em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde(OMS). A data marca o aniversário do co-descobridor da insulina Sir Frederick Banting.
Como destaca a diretora do Cedeba, a data é muito importante para conscientizar a população sobre a doença e seus riscos, promover a prevenção e o controle do diabetes e apoiar pessoas que vivem com a doença. A mudança de estilo de vida, pontuou Reine Chaves, é fundamental para evitar ou retardar as complicações que impactam na qualidade de vida. Das complicações crônicas, a mais temida é a retinopatia diabética, que pode evoluir para a cegueira. Doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC), doença renal crônica e insuficiência renal, neuropatia diabética e problemas de circulação e úlceras nos membros inferiores também são complicações crônicas que reduzem a qualidade de vida, incapacitam e podem causar morte precoce.
“Que a mobilização do 14 de Novembro permaneça trazendo a esperança de vida mais saudável no planeta, caminho para melhor controle das doenças crônicas não-transmissíveis, como o diabetes”, destacou Reine Chaves.